INAD 2025 chama atenção para os danos do barulho

O Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído (INAD Brasil 2025) propõe uma reflexão urgente sobre como os sons — principalmente o barulho excessivo — impactam o bem-estar, a saúde e a inclusão social nas cidades. Em sua nova edição, o evento traz o tema “Escuta que acolhe, som que respeita”, reforçando a importância de ambientes sonoros acessíveis e respeitosos para todas as pessoas.

O que é o INAD?

O INAD – Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído é uma campanha global realizada anualmente com o objetivo de alertar a sociedade sobre os efeitos nocivos da poluição sonora na saúde pública e na qualidade de vida. Criado em 1996 pelo Center for Hearing and Communication nos Estados Unidos, o movimento ganhou força ao redor do mundo e passou a integrar o calendário de diversas instituições, entidades técnicas, escolas, universidades e governos.

No Brasil, o INAD é promovido pela ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica, em parceria com outras organizações, com ações em espaços públicos, campanhas educativas e iniciativas de sensibilização voltadas para profissionais, estudantes e a população em geral.

A proposta do INAD vai muito além de um simples alerta: ele convida todos — de crianças em idade escolar a tomadores de decisão — a refletirem sobre o som como parte integrante da vida urbana. O ruído, muitas vezes negligenciado, é uma forma de poluição invisível, mas que provoca impactos tangíveis: distúrbios do sono, queda na produtividade, irritabilidade, problemas cardiovasculares e perda auditiva são apenas alguns dos efeitos documentados pela ciência.

Um dos marcos simbólicos do INAD é o “Minuto de Silêncio”, realizado simultaneamente em diversas instituições, escolas e locais de trabalho. A pausa, que acontece tradicionalmente às 14h15, representa um gesto coletivo de escuta e introspecção, chamando atenção para a importância de ambientes mais saudáveis do ponto de vista sonoro.

A cada ano, o INAD propõe um novo tema para ampliar o debate sobre o som em nossas vidas. Em 2025, com o lema “Escuta que acolhe, som que respeita”, o foco está em como o som pode — e deve — ser um aliado da inclusão social e da empatia.

Por que o INAD é necessário?

Vivemos em um mundo cada vez mais ruidoso. O trânsito intenso, as obras urbanas, as construções verticais, o uso indiscriminado de alto-falantes e até o barulho dentro das escolas e ambientes corporativos criam uma paisagem sonora caótica, muitas vezes naturalizada. No entanto, a poluição sonora é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos principais agentes de risco ambiental para a saúde humana, ao lado da poluição do ar.

Os impactos do ruído vão muito além do incômodo momentâneo. Estudos científicos comprovam que a exposição contínua a sons intensos está relacionada ao aumento de casos de hipertensão, distúrbios do sono, estresse crônico, perda auditiva e até doenças cardiovasculares. Além disso, afeta diretamente o desempenho acadêmico, a concentração no trabalho e o bem-estar psicológico da população — especialmente em grandes centros urbanos.

É nesse contexto que o INAD se torna uma ferramenta essencial. Mais do que um evento simbólico, o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído é um chamado à mudança de comportamento coletivo. Ele propõe que o problema do excesso de ruído seja reconhecido como uma pauta de saúde pública, inclusão social e planejamento urbano.

O diferencial do INAD é o seu caráter educativo e transformador. Em vez de apenas denunciar os danos do ruído, ele promove a reflexão sobre os hábitos cotidianos que perpetuam essa cultura sonora agressiva. O simples ato de abaixar o volume, respeitar o silêncio do outro, ou projetar ambientes com melhor tratamento acústico, pode gerar um impacto profundo na vida das pessoas.

Participar do INAD é, portanto, um ato de cidadania ativa. É apoiar a construção de um futuro em que:

• Escolas sejam menos barulhentas, favorecendo o aprendizado e a atenção dos estudantes;
• Hospitais mais silenciosos, proporcionando maior conforto aos pacientes e melhores condições de trabalho para os profissionais da saúde;
• Ambientes de trabalho mais equilibrados, que promovam a produtividade e reduzam o estresse;
• Espaços públicos mais acessíveis, onde todos — independentemente de sua condição sensorial — possam interagir com segurança e bem-estar.

A conscientização sobre o ruído é o primeiro passo para a transformação. Com informação, empatia e compromisso coletivo, podemos mudar a maneira como escutamos — e nos fazemos ouvir — nas cidades.

Uma escuta mais inclusiva para todos

O som faz parte da vida em sociedade, mas nem todos o experimentam da mesma forma. Enquanto para algumas pessoas certos sons são inofensivos ou até agradáveis, para outras, podem ser verdadeiros gatilhos de estresse, ansiedade e dor física. Ambientes sonoros desregulados impactam diretamente a qualidade de vida de milhões de pessoas que convivem com diferentes condições sensoriais, neurológicas ou auditivas.

Pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), por exemplo, podem ter hipersensibilidade a sons agudos ou repetitivos, o que torna ambientes urbanos altamente hostis. Indivíduos com hipoacusia ou deficiência auditiva enfrentam barreiras invisíveis à comunicação em espaços públicos barulhentos, como transportes, salas de aula e repartições. Já idosos e crianças pequenas são biologicamente mais vulneráveis aos efeitos nocivos do ruído excessivo, como irritabilidade, distúrbios do sono e queda na concentração.

Além disso, profissionais que atuam em ambientes ruidosos — como trabalhadores da construção civil, motoristas, atendentes ou professores — estão entre os grupos mais impactados, com registros crescentes de fadiga auditiva, perda auditiva induzida por ruído (PAIR), e transtornos mentais relacionados ao estresse sonoro contínuo.

Diante desse cenário, o INAD Brasil 2025 reforça a urgência de promover uma cultura da escuta consciente e respeitosa, onde o som seja compreendido como um elemento essencial da acessibilidade e não como mais uma barreira à inclusão. O foco da campanha é deslocar o olhar da simples poluição sonora para a ideia de “justiça acústica”, onde todas as pessoas, com suas diferentes sensibilidades e necessidades, possam usufruir de ambientes sonoros equilibrados e acolhedores.

Mais do que combater o barulho em si, a proposta é provocar uma mudança de percepção coletiva: o silêncio é um direito e a qualidade sonora deve ser um critério em projetos urbanos, arquitetônicos, escolares e de saúde. Espaços mais silenciosos e equilibrados favorecem o aprendizado, aumentam a produtividade, reduzem o estresse e promovem o bem-estar físico e mental.

Criar ambientes auditivamente acessíveis não é apenas uma questão de conforto — é um passo essencial para uma sociedade mais empática, inclusiva e saudável.

Ação INAD 2024

Em 2024, uma intervenção urbana na Avenida Faria Lima, em São Paulo, chamou a atenção de quem passava por ali. A escultura da baleia azul, ícone local, apareceu usando protetores auriculares gigantes como parte da campanha do INAD Brasil. A ação foi promovida pela ProAcústica, com o objetivo de sensibilizar a população sobre os impactos do ruído nas cidades.

A escolha da baleia foi simbólica: esses animais dependem do som para sobreviver e se comunicar nos oceanos. Ao cobrir seus ouvidos, a obra transmitiu uma mensagem clara — o barulho urbano é excessivo até para quem vive do som.

Com ampla repercussão, a intervenção mostrou como a arte pode provocar reflexão e transformar o espaço público em um canal de conscientização. A baleia se tornou um símbolo da escuta consciente, lembrando que o silêncio também é uma forma de respeito.

Participe do minuto de silêncio

No dia 30 de abril de 2025, às 14h15, acontece o tradicional Minuto de Silêncio do INAD Brasil. Em escolas, empresas, espaços públicos e residências, a proposta é simples: parar por um minuto e ouvir o silêncio. Um gesto simbólico, mas de grande poder coletivo.

A pausa convida à reflexão sobre o excesso de ruído ao nosso redor e seus impactos. É uma chance de perceber como o som — ou sua ausência — influencia nosso bem-estar. Ao silenciar por um instante, damos voz à importância da escuta consciente.

Participar é fácil e significativo. Basta se desconectar do barulho, nem que seja por 60 segundos, e sentir o efeito dessa pausa. Esse momento pode ser o início de uma mudança real na forma como vivemos e ouvimos nossas cidades.

O INAD Brasil 2025 é mais do que uma data comemorativa. É uma plataforma de transformação. Ao respeitar os sons do outro, respeitamos sua história, seus limites e suas necessidades. Vamos construir juntos uma sociedade que escuta para incluir? Participe do INAD 2025 e faça parte dessa mudança sonora.

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